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Gostar de alguém pela pessoa que gostaríamos que fosse…

“Em todas as relações que vamos criando existem momentos de desentendimento, de conflito, de discussões, porque não vivemos nem expressamos o que sentimos da mesma maneira. É comum queixarmo-nos das dificuldades nas relações quando não nos sentimos compreendidos, aceites e por isso sentimo-nos decepcionados.

Este artigo permite a reflexão sobre estas questões. Porque apesar de ser mais fácil, responsabilizarmos o outro como sendo o único a falhar, é mais eficaz descobrir quais os comportamentos que cada um de nós tem para que a relação tenha evoluído de uma forma insatisfatória.

Um aspecto fundamental a considerar nas dificuldades de relacionamento são as expectativas criadas no outro. Quando estamos numa relação, podemos criar imagens falsas das outras pessoas, podemos gostar de uma pessoa não pelo que a pessoa é, mas sim pelo que gostaríamos que essa pessoa fosse. E podemo-nos agarrar tanto a essa ideia, que durante algum tempo acreditamos que a pessoa se vai tornar no que gostaríamos, ou conseguimos ver a pessoa que gostaríamos naquela pessoa (normalmente até um certo momento).

Quando isso acontece, é como que se tivéssemos uma ideia clara sobre o que é suposto a pessoa fazer, dizer, agir e assim, criamos expectativas demasiado elevadas ou irreais, que facilmente levam a uma desvalorização do investimento que o outro faz, como também conduz a estados de frustração recorrentes.

Quanto mais conscientes estivermos sobre as nossas necessidades na relação, melhor conseguimos compreender as nossas atitudes e comportamentos, como também torna mais fácil partilhar de forma clara essas necessidades com a outra pessoa da relação. Porque numa relação saudável é essencial haver espaço que permita que ambas as pessoas sejam quem são de verdade, e sejam gostadas pelo que são.

Uma pessoa que procura alguém com determinadas características muito concretas, é como que se estivesse à procura de uma peça que encaixe no seu puzzle, mas não encontrará jamais a peça perfeita, simplesmente porque não existe! Cada um de nós é o conjunto de determinadas características que podem encaixar mais ou menos (ou nada) no conjunto de características das outras pessoas, facilitando ou dificultando a convivência. Mas esse encaixe por mais que pareça perfeito, nunca será sempre perfeito, vão surgir momentos em que se apercebe que existem diferenças que criam desentendimentos. E é aqui que o aceitar a outra pessoa pelo que é, é essencial. É preciso partilhar o que se sente, entender e querer entender, escutar e apoiar, ainda que não se esteja totalmente de acordo.

Mas então o que me pode levar a querer uma pessoa que encaixe em mim, desvalorizando as coisas boas que pode ter? Quais são as minhas necessidades em relação? O que procuro nas outras pessoas? Como me iria sentir ao sentir que uma pessoa estava comigo por acreditar que eu mudaria? Como posso aceitar as minhas necessidades e a dos outros na relação? Como posso aceitar que uma pessoa com quem estou possa ter coisas maravilhosas e coisas terríveis?

Muitas destas questões podem ser colocadas a nós próprios e a tentativa de encontrar respostas pode-nos ajudar a compreendermo-nos.”

Conteúdo Original: 

http://www.psicologia.pt/artigos/ver_carreira.php?gostar-de-alguem-pela-pessoa-que-gostariamos-que-fosse&id=313

Autora:
2016
[email protected]
Psicóloga clínica

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